segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Brasil já é a sexta economia do mundo e salário vai a R$ 3.240,62... Ou não.

Se existe um número usado a exaustão por qualquer governo desenvolvido e emergente e que engana direitinho a população, este número é o Produto Interno Bruto, o PIB. No último ano, o crescimento de 7,5% do PIB brasileiro no meio de uma crise econômica internacional foi comemorado por meio mundo de gente e definido pela presidente Dilma Roussef como "Pibão".

Hoje, o jornal inglês "The Guardian" divulgou que, com a retração econômica da Europa e aumento previsto entre 3 e 3,5% da economia brasileira, o país tupiniquim ultrapassou o Reino Unido tornando-se a sexta economia mundial. Já ouço os vivas do governo federal e a cara de "santa sacana" dos 17,5% da oposição.

Baseando-se nesta perspectiva de que ultrapassamos a economia do Reino Unido - que diga-se de passagem não é um país só e sim 4: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte - o salário mínimo deveria ser no mínimo o mesmo do Reino Unido: R$ 3.240,62. Então porque a nobre presidente em seu pronunciamento de Natal anunciou um salário de R$ 622,00?



É aí meu caro (e quase inexistente, por enquanto) leitor que caímos na pegadinha do PIB. Este número reflete apenas a soma de todas as riqueza produzidas por um país, mesmo que esta riqueza não esteja na mão de todos os habitantes deste dito país. Para entender melhor como isso funciona vou explicar de uma forma que até o Chaves, que só entende exemplos com maçãs, entenderia:

Suponhamos que existam duas casas onde moram 5 pessoas em cada uma delas. Na cesta de frutas da casa n° 1 há 10 maçãs. Na cesta da casa n° 2 há 9 maçãs. Na casa n° 1 estas 10 maçãs são distribuidas assim: uma pessoa fica com 6 e as outras quatro, cada uma com uma maçã. Na casa n° 2 as 9 maças são distribuídas assim: 4 pessoas ficam com duas maçãs, enquanto a quinta pessoa fica com uma maçã. Baseado nisso a pergunta: em qual casa se vive melhor?

Trazendo para a realidade econômica, e lembrando, assim como nosso amigo da vila que isso é só um "supositório", digo, suposição, a casa n° 1 é o Brasil, que tem mais maçãs, porém, mal distribuída entre seus habitantes. A casa n° 2 é o Reino Unido, que tem menos maças, porém, bem distribuídas de forma que seus habitantes tenham mais ou menos a mesma qualidade de vida.

Ele está rindo à toa...
... Já eles, não.



















A melhoria da qualidade de vida no Brasil não está só no crescimento econômico. Está muito mais na distribuição de renda. Do que vale todo esse "pibão" se ainda vivemos em uma realidade de que 10% da população do país detém 75% da riqueza nacional?

Não nos enganemos com os números da economia. Eles pouco mudam algo na vida da maioria e mascaram a desgraça social do país.

P.S.: O CEO de Centro Economia, Pesquisa e Negócios da Grã-Bretânia, Douglas McWilliams, disse que "O Brasil tem bartido os países europeus no futebol há um bom tempo, mas na economia é algo novo". Como ele pode dizer uma coisa dessas depois disso?

3 comentários:

  1. É Ricardo triste realidade, e os brasileiros seguem comemorando o salário de $622,00, como se com esse valor eles pudessem sutentar uma família dignamente...ahhhh...e esquecendo-se de quanto por cento deste valor será gasto com impostos....
    eee.....parabéns, excelente matéria....

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  2. O interessante da palavra imposto é que ela denota algo obrigatório, "imposto". Já quem paga imposto é chamado de "contribuínte" como se pagássemos porque somos generosos...

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